Reflexões, estudos & pesquisas sobre a educação para as relações étnico-raciais
Sinopse
Agradeço ao professor Paulo Alberto dos Santos Vieira por convidar-me para escrever o prefácio desta obra. Cumpre destacar que o processo da construção deste livro ocorreu num momento singular de nossa história, marcada pela Pandemia mundial do Corona Vírus, pela restrição de direitos sociais, pela redução de verbas para a educação, pelo acirramento das diferenças e das desigualdades sociais, por intensas disputas em torno de questões de gênero, raça, classe... Nesta conjuntura, os trabalhos apresentados, no âmbito do GT 21 da ANPED-CO, Educação e Relações étnico-raciais, em 2020, registrados nesta coletânea, podem ser lidos como formas de resistência, de (re)existências. Formas de (re)viver e seguir lutando por uma sociedade melhor, por um país melhor. Modos de fazer pesquisa e educação, modos de apresentar (virtual), de representar, de esperançar, de superar-nos e de registrar nossas propostas e práticas de pesquisas. De forma que vamos, taticamente, dizendo que todas as vidas importam, nas diferentes relações humanas que envolvem questões de raça e/ou etnia. Homens. Mulheres. Crianças. Negras. Indígenas. Universitárias. Vamos indicando, sinalizando caminhos de investigações, práticas, possibilidades, insurgências... Os trabalhos desta obra testemunham o quanto ambicionamos uma educação antirracista, crítica, emancipadora, descolonizadora, intercultural que ouse ir além da contemplação da diversidade e/ou da mera aceitação das diferenças proposta por um multiculturalismo acrítico. Neste sentido, também, não nos pode faltar a rigorosidade ética de que falou o grande educador Paulo Freire em sua Pedagogia da autonomia. Para Freire a ética via-se afrontada na manifestação discriminatória de raça, de gênero, de classe. E uma forma de assumir-nos como sujeitos éticos é assumirmo-nos “como sujeitos da procura, da decisão, da ruptura, da opção, como sujeitos históricos, transformadores”. Num contexto em que ainda são tão presentes formas de subjugação, de inferiorização, de preconceitos, de racismo, de sexismo, resquícios de uma herança colonial etnocêntrica e patriarcal, precisamos reafirmar a cada dia a necessidade de transformação, de emancipação e de libertação do colonialismo histórico. E desta forma, apostar na educação descolonizadora. Em seu potencial transformador e emancipador. Romper paradigmas, desconstruir estereótipos, descolonizar currículos...Tomando emprestada uma metáfora de Catherine Walsh, ouso dizer que as propostas de investigações, os diferentes trabalhos apresentados, discutidos no GT 21 da ANPED-CO em 2020 e registrados nesta obra são como brechas num muro de pedra, pelas quais brotam flores. Numa época de aridez, de profunda depuração, os trabalhos discutem: políticas afirmativas, inclusão educacional, educação escolar indígena, acesso ao ensino superior, diminuição de desigualdades raciais, combate ao racismo, lutas antirracistas, entre outros. Estes temas tem um potencial para florir e produzir bons frutos no campo educacional.
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