Dicotomias sobre a relação campo-cidade no município de Feira de Santana – Bahia

Autores

Wodis Kleber Oliveira Araujo
Universidade Estadual de Feira de Santana
https://orcid.org/0000-0003-0686-7281

Palavras-chave:

Feira de Santana , Bahia, Economia

Sinopse

A relação campo-cidade deve ser entendida a partir da ausência de delimitações rígidas ou barreiras fixas, entre os espaços rural e urbano, pois ambos são constituídos de elementos presentes tanto em um como no outro. Todavia, o conjunto de forças que atuam em ambos, de modo particular os processos de urbanização e industrialização, delineiam novas formas de relações sociais, econômicas, produtivas e políticas, as quais possuem rebatimentos na organização do espaço, assim como na configuração do território.

Hoje, na relação campo-cidade, o urbano tem se mostrado o elemento dominante subordinando o campo a cidade, situação que emerge como uma característica recente, a partir do advento da industrialização, fenômeno que em escala mundial se intensifica após a II Guerra Mundial e no Brasil, nos decênios de 1960 e 1970. A industrialização brasileira atrela-se ao processo de urbanização, que também teve um crescimento positivo, junto com o processo de desenvolvimento industrial atrelado a uma política de progresso (baseada na modernização e no crescimento econômico) adotada pelo Estado brasileiro, nesse período, que entendia o rural como arcaico e atrasado.

A modernização não ficou restrita a cidade e a indústria. Ao traçar o quadro de mudanças econômicas de nossa história recente, observamos que o campo não ficou banido do contexto de mudanças produtivas. O espaço rural, subordinado ao capital e aos interesses urbanos, tem sua produção orientada para atender as necessidades diretas e indiretas da cidade.

O campo por sua vez responde as necessidades e anseios dos agentes hegemônicos que atuam desde a cidade, interagindo e refletindo seu modo de vida e consumo, justificado pela relação direta de capital onde os espaços se confundem numa mesma lógica de consumo e produção. Todavia essa modernização que subordinou o campo à cidade modificou a orientação da produção rural, mas manteve a mesma estrutura fundiária concentrada, numa modernização conservadora, fazendo do campo um mercado de consumo de insumos, cujo capital se reverte para a cidade, assegurando o retorno do seu investimento. Assim passamos a abordar os elementos dessa relação campo-cidade no município de Feira de Santana.

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ISBN-13 (15)

978-65-85756-45-7

Como Citar

Dicotomias sobre a relação campo-cidade no município de Feira de Santana – Bahia: Vol. Capítulo 2. (2024). Pantanal Editora. https://doi.org/10.46420/9786585756457cap2