Interação entre medicamentos alopáticos e medicamentos fitoterápicos: uma revisão bibliográfica

Autores

Andreia da Silva Costa Martins ; Mariana Cristina Diniz Vieira; Rosiélem Silva e Silva; Julianne Rocha de Araujo; Nádia Leticia Silva Chaves ; Rômulo Fernandes de Aquino; Cristiny Vitória de Sousa Cardoso ; Joana Vitória Pereira Rocha Cutrim ; Ana Paula Muniz Serejo ; Mariana Oliveira Arruda; Andressa Almeida Santana Dias ; Maria Cristiane Aranha Brito

Palavras-chave:

fitoterápicos, medicamentos complementares, medicamentos alopáticos

Sinopse

A interação entre medicamentos alopáticos, também conhecidos como medicamentos convencionais, e medicamentos fitoterápicos tem se tornado um tópico de crescente interesse no campo da saúde. Equivocadamente, muitas pessoas chamam a fitoterapia de terapia alternativa ou de medicina de pobre (Marques et al., 2019).

Com o aumento da popularidade e do uso de produtos fitoterápicos, é fundamental compreender como essas substâncias interagem com os medicamentos tradicionais, a fim de garantir uma abordagem segura e racional no tratamento de doenças. Com esse cenário é importante trazer informações sobre o uso seguro, mostrando que eles podem ter ação prejudicial se inserido de forma errada (Phelippe, 2022).

Segundo Galucio et al. (2021) muitos medicamentos complementares, principalmente fitoterápicos, tem uma longa história de uso tradicional. Conforme o autor o uso de plantas medicinais é uma prática milenar e muitas vezes é vista como uma alternativa mais segura e acessível aos medicamentos convencionais. Entretanto, é importante lembrar que as plantas medicinais contêm substâncias químicas. que podem interagir com medicamentos, afetando sua eficácia e aumentando o risco de efeitos colaterais

De acordo com Nicácio et al. (2020) os medicamentos alopáticos são desenvolvidos a partir de substâncias químicas sintéticas, passando por rigorosos processos de pesquisa, desenvolvimento e testes clínicos para comprovar sua eficácia e segurança. Já para Farias et al. (2020) os medicamentos industrializados precisam ser apresentados junto ao registro de Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para assim serem aprovados de acordo com base nos dados toxicológico abrangentes e ensaios clínicos demonstrando segurança e eficácia.

Por outro lado, os medicamentos fitoterápicos são obtidos a partir de plantas medicinais, com uso baseado em conhecimentos tradicionais e, em alguns casos, suportados por evidências científicas (Da Silva et al., 2021). Essas duas abordagens terapêuticas diferem em seus princípios de fabricação, composição e regulação.

As interações entre medicamentos ocorrem quando duas ou mais substâncias são administradas simultaneamente e podem afetar a farmacocinética e/ou farmacodinâmica dos medicamentos envolvidos. O melhor parâmetro para a compreensão dos efeitos farmacológicos e toxicológicos dos medicamentos, é a farmacocinética, que trata dos processos fisiológicos em que o organismo processa o medicamento, ou seja, o quanto é seu potencial de absorção nas membranas biológicas (Barbosa et al., 2020).

 No contexto da interação entre medicamentos alopáticos e fitoterápicos, várias situações podem surgir. Alguns fitoterápicos podem afetar a absorção dos medicamentos alopáticos no trato gastrointestinal, reduzindo sua disponibilidade sistêmica. Por outro lado, certas plantas medicinais podem aumentar a atividade de enzimas hepáticas que metabolizam os medicamentos alopáticos, levando a uma rápida eliminação do fármaco do organismo e reduzindo sua eficácia terapêutica (De Carvalho et al., 2021).

 Os fitoterápicos podem ter propriedades farmacodinâmicas que podem interagir com os medicamentos alopáticos (Da Silva Duarte et al., 2019). Por exemplo, algumas plantas podem ter efeitos sedativos, hipoglicemiantes ou anti-hipertensivos, o que pode potencializar ou antagonizar os efeitos dos medicamentos convencionais utilizados para tratar essas condições. Essas interações podem resultar em efeitos adversos, falta de eficácia do tratamento ou até mesmo toxicidade.

O estudo das interações entre medicamentos alopáticos e fitoterápicos é a necessidade de fornecer informações claras e baseadas em evidências para os profissionais de saúde. Muitos pacientes fazem uso simultâneo de medicamentos alopáticos prescritos e fitoterápicos sem o conhecimento adequado sobre os riscos potenciais dessas combinações (Hasenclever et al., 2017). É essencial que os profissionais de saúde estejam devidamente informados sobre essas interações para fornecer orientações seguras e eficazes aos pacientes (Nicácio et al., 2020).

 Além disso, a interação entre medicamentos alopáticos e fitoterápicos pode ter implicações significativas na eficácia terapêutica (Ferreira et al., 2021). Alguns fitoterápicos podem interferir na absorção, distribuição, metabolismo ou excreção de medicamentos convencionais, resultando em níveis inadequados desses fármacos no organismo. Isso pode levar a uma diminuição da eficácia do tratamento ou até mesmo a falhas terapêuticas. Por outro lado, certos fitoterápicos podem potencializar os efeitos dos medicamentos alopáticos, aumentando o risco de toxicidade (Phelippe, 2022).

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14 June 2024

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ISBN-13 (15)

978-65-85756-30-3

Como Citar

Interação entre medicamentos alopáticos e medicamentos fitoterápicos: uma revisão bibliográfica: Vol. Capítulo 5, Volume 2, Fronteiras das ciências da saúde: tópicos atuais e perspectivas. (2024). Pantanal Editora. https://doi.org/10.46420/9786585756303cap5